sexta-feira, 25 de setembro de 2015

PARIS, FINALMENTE!

Então, onde foi que eu parei?
É isso mesmo gente, minha rotina é tão agitada –NOT- que estamos em Setembro e somente agora é que eu vou escrever sobre minhas extraordinárias férias de Abril. Quer dizer, foi tanta coisa linda de ver e tanta aventura que o post tá mais pra álbum comentado. Então Chuvosa Turismo que acompanha o Garota da Contracapa, aperta o cinto de segurança, prepara para a decolagem, dá o play em La Vie En Rose e bora dar umas voltas pelas ruas de Paris!


“Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome...”

Quando desci do trem, na maravilhosa estação de Gare Du Nord, me senti a própria mocinha de novela das 6 que por razões desconhecidas deixa um passado misterioso para trás e vai em busca de seus sonhos numa cidade grande. Lembrei-me também de quando tinha dezesseis anos e depois de bater muitas portas, chorar ouvindo Good Charlotte, terminava dizendo que iria fugir para Paris e trabalhar como bibliotecária. Ah, que sonhadora eu aos dezesseis né. Porque pelormor: que estudante adolescente tem dinheiro pra fugir pra PARIS?
Quando saí da estação me deparei com a Rue Dunkerque abarrotada de viajantes, cafés, luzes, carros, ar parisiense... Tem sensação mais maravilhosa do que quando a realidade supera todas as suas expectativas? 

                         Quase tive LER no ombro de tanto tirar selfie.

Então vamos falar de coisa boa e fazer aquele JABÁ inesperado de programa de culinária? O hostel Saint Christopher, gente, vamos mudar pra lá. É ótimo! (Pessoal do hostel, vem cá ver esse merchan!).
Primeiro que é a três quarteirões da estação Gare Du Nord e de lá você pode pegar um metrô para qualquer parte de Paris ou seguir à pé para a famosa Montmartre. No meu caso foi ótimo porque cheguei sozinha na cidade por volta das 19h e fiz uma caminhadinha saudável, de boas, com a mala faltando uma rodinha sem nem fraturar o braço. Recepção também aprovada, os jovens e educados atendentes eram muito solícitos e falavam no mínimo dois idiomas. Não me esqueço de um deles que fez a gentileza de tirar a minha mala pesando trinta quilos de cima de um armário e eu disse “Cuidado, ta meio pesada”, então o rapaz, absurdamente bonito e musculoso me olhou de lado, sorriu e disse: “Dont worry, Im from Scotland”.


                                                    Sin palabras

As acomodações também me surpreenderam de uma maneira positiva. Eu nunca tinha ficado em hostel, nunca havia dividido quarto e imaginei meio que uma cela de presídio e gírias tipo ‘whatsup nigga’. Talvez eu tenha tido sorte, mas as outras três garotas do quarto (que tinha banheiro privativo e recomendo que façam essa escolha também!) eram reservadas e educadas, de modo que a gente só interagia mesmo quando tava a fim. Proxima viagem sem sombra de dúvidas vou escolher um hostel de novo porque é mais barato, tão confortável quanto hotel e o melhor: a gente se mistura com gente jovem..!

Nessa mesma noite em que cheguei, tomei um banho e me troquei na velocidade da luz para poder dar uma passeada em Paris logo e tirar foto logo, postar no Insta logo, matar minhas amigas logo. Para cada café, há um sex shop, e para cada farmácia, há um supermercado, então já defini para vocês como é o comércio ao redor da estação. O relógio marcava nove da noite, mas acredite se quiser, havia acabado de escurecer então fiquei de boas caminhando ali, me achando A escritora perdida em Paris, até procurar um lugar para comer. Depois voltei para o pub do hostel, o Belushis, que é ABOSULTAMENTE INCRÍVEL e, diante da falta de palavras para descrever como eram as noites nesse lugar, tem esse vídeo aqui ó e esse aqui, com as migs:



Como o mundo é uma cidade do tamanho de Teófilo Otoni, é claro que logo fiquei amiga de uma turma de brasileiros e de argentinos com camisa de time e também é claro que fomos os últimos a deixar o pub, porque pra quê limite pro pessoal da America Latina né.

                                                 Um abç pra galera de Tchó Tchó

Sobre Montmartre, como vou explicar sem parecer exageradamente romântica e piegas? Já sei: fecha os olhos, respira bem fundo e se imagine passeando por Paris em uma manhã ensolarada. Aposto que nesse devaneio você pode ouvir um acordeão sendo dedilhado ao fundo, algumas motonetas passam zunindo pelas vielas, viu algumas moças faceiras dizendo animados “Bonjour”, baguetes em cestos nas esquinas e flores nas calçadas. Ah, talvez você tenha visto um ou dois carrosséis e construções antigas, mas bem conservadas, de sobrados sobre os cafés. É exatamente isso e a realidade, como eu já disse, apenas superou esse sonho.



Senta Que Lá Vem História: Montmartre é a parte mais viva de Paris, não à toa, era o recôndito de incríveis artistas no século XIX e XX, como Monet, Toulouse-Lautrec, Cèzanne... (Ah, nostalgia de lembranças que não vivi). O nome, Monte dos Martírios, é na verdade uma referência a cristãos mártires que foram torturados e mortos subindo a colina (nunca soube disso!). E como eu já falei algumas vezes, Montmartre é cenário do filme O Fabuloso Destino de Amélie Poulain, um dos meus preferidos desde sempre, então imagina como foi mágico caminhar pelos mesmos degraus onde Nico foi atrás de sua amada Amélie?


               
              Carrossel do filme Amélie Poulain, na praça de Sacre Coeur

Uma senhora cantando GALOPEIRA nas escadarias de Sacre Coeur, não podia faltar hahaha Aqui ó!



Basílica de Sacre Coeur, maravilhoooosa, construída no final do século XIX. E essa minha visita foi na quinta-feira da semana santa, então a basílica estava mais decorada, mais cheia, mais emocionante que nunca..!


AGORA SEGURA O PAUSE QUE EU AINDA VOU VOLTAR EM MONTMARTRE COM MINHAS MIGAS NO PRÓXIMO CAPITULO.

Então continuei meu passeio por ali mesmo e, honrando minha mãe e minhas tias Rosana e Zulmira, fiz umas comprinhas na versão parisiense da loja Marisa; lá ela se chama Tati, é um pouco maior (são vários quarteirões de loja e é estranhíssimo quando te mandam atravessar a rua para procurar uma peça de roupa!) e fica no bairro Barbè, vizinho de Gare Du Nord e estranhão estilo Bronx, mas ok se você andar de cabeça erguida e com cara de “Whatzup fellas”. Comprei algumas luvas meio descartáveis lá, mas talvez tenha sido azar. Vai saber.

Não vou negar que passei alguns medinhos por ser uma turistona que só sabia perguntar o preço da cerveja em francês caminhando sozinha nessa região de Paris. Em um desses passeios, um cara me seguiu de Sacre Coeur até a estação dizendo “A date, I want a date!” e não parou até que eu disse que ia chamar a polícia. Numa outra, estava eu passando fina e bela olhando para as incríveis sacadas de prédios quando um morador de rua do tamanho de um hobbit levantou DO NADA e começou a me fechar na rua, tipo uma dança do caranguejo e quando eu disse “Excuse moi, excuse moi” e tentei empurrá-lo, guess what, ele me deu uma peitada. Sério. Dessas de jogadores de futebol comemorando gol. Corri léguas sem olhar para trás. Também me assustou um pouco o descaramento dos franceses, é de deixar brasileiro no chinelo. Quando o bebum do boteco te cantar, ao invés de pensar ‘Ai, só no Brasil’, agradece. Pra se ter uma noção, é impossível andar sozinha por alguns quarteirões sem ouvir um sussurro de qualquer coisa no ouvido “Trè-ju quiê- creuer, qui, pur ça”. Numa dessas, eu pude jurar que ouvi um “gostosa”, mas vai saber, eu já tava ficando meio lunática.

E assim findou-se minha saga sozinha. 
Na quarta-feira à tarde, fui eu com a minha mala já toda despedaçada novamente para a estação esperar minhas amigas. Ai gente, sabe aquela cena de filme? Então, eu era a atriz dessa cena. Gare Du Nord apenas sendo linda, o trem vindo de longe, o céu tomando um tom levemente alaranjado, anunciando um entardecer, e a empolgação me consumindo por dentro, afinal, eu veria rostos conhecidos depois de quase cinco dias.



 Mas como eu não vivo em um filme de romance, e sim num de comédia, um homem me abordou e começou a chamar “Mademoiselle! Mademoiselle!”; eu, já traumatizada depois de tantas perseguições, saí correndo, puxando a minha mala, e lá vem o homem “Mademoiselle! Police, Mademoiselle”. Corri mais e por pouco não levo um choque de teiser no pescoço: o cara era policial e teve que me perseguir boa parte da estação. Muito sem graça, expliquei a eles (de repente havia um batalhão ao meu redor e eu já tentava imaginar como é que se dizia “advogado” em francês) que eu estava viajando sozinha, mas minhas amigas chegariam no próximo trem, vindo de Amsterdam e a gente ia voltar pro Brasil COM CERTEZA rs. Eles se postaram do meu lado e de tempos em tempos abordavam outros viajantes (obrigada Senhor que não fui só eu!) perguntando as mesmas coisas.

 Por fim, quando o trem de Amsterdam chegou e Lorena e Nathália desembarcaram, perdi toda minha compostura parisiense e bem... Imaginem brasileiros comemorando gol na copa do mundo? Assim nos cumprimentamos. Meus amigos da polícia, que imagino que tenham criado certa curiosidade sobre a veracidade de minha versão, tentaram esconder uns risinhos satisfeitos (debochados?) quando vi as meninas. ...
Assim então, atropelando a ansiedade e as palavras, me despedi de Gare Du Nord, onde deixei parte de meu coração, e quando abri os olhos novamente, estávamos na parte alta da cidade: Trocadero.


                     Juntas em Paris, finalmente!

Update: Quem não leu a Parte I, ta aqui ó Memórias de uma blogueira na Europa

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