quarta-feira, 31 de julho de 2013

Menina Grande, Menino Grande



"Sou uma gota d'água, sou um grão de areia... Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo. São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer..."

Mães e filhas, pais e filhos, mães e filhos, pais e filhas: existe relacionamento mais complicado? Mas quanto mais nos aproximamos de nossos pais, mais nos aproximamos de Deus. 
Como eu costumo dizer, "seguir para a luz", que significa tentar se tornar uma pessoa melhor todos os dias, só é possível tendo ao lado aqueles que torcem pelo nosso bem, rezam com devoção pelos nossos passos incertos, nos abençoam todas as noites.

Que todas as feridas do passado permaneçam no passado e tentemos perdoá-los pelos erros cometidos - errar é humano. Sobretudo, que consigamos agradecer todos os dias por tê-los em nossas vidas, seja com uma piada sobre o cabelo, seja com um abraço na hora de dormir, um telefonema para saber como vão as coisas, um e-mail de duas linhas: "Mãe, você está muito à toa hoje, me deixe trabalhar!"; "Pai, eu não entendo nada de carros, não adianta mandar esses sites". E eles, pacientemente, respondem que estão apenas querendo saber como estou, se comi três castanhas por dia, que um dia aprenderei a diferença entre freio ABS e tambor/disco/(é isso mesmo?). 

Amor incondicional. Isso é realmente bonito, não é?

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Nem eu.





O mundo está de pernas pro ar. As pessoas estão loucas. Não, na verdade eu enlouqueci e não acompanhei a globalização, as informações, as teorias. O ‘caminha a humanidade’ aconteceu rápido demais e o bicho de duas pernas passou a ter quatro, no chão, farejando, latindo, fazendo barulho, manifestando.  Não, eu também não quero me demorar numa postagem quilométrica sobre o Brasil, o tal do “#vem pra rua” (isso é outro texto), Dilmão, manobras políticas (adendo: Paula 2013 é política; eu sei, estou tão chocada quanto vocês), militância gay/militância HT, ooou sobre tantas outras coisas que, embora eu não expresse a minha opinião aos quatro cantos do mundo, nunca deixei de tê-las.
Mas essa semana não teve como deixar passar: a milésima Marcha das Vadias –uma manifestação (pasmem) diante da visita do Papa ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, com gritos eufóricos, confusos: “Estupro! Nascituro! É a verba que foi gasta pra receber o Papa! Tirem seus rosários de nossos ovários! Chupai-vos uns aos outros” e imagens de santos sendo quebrados, crucifixos em partes sexuais e... (Calma Paula, é pra ser um textinho pequenininho).

Eu to até com vergonha de ter um post sério em meu blog a respeito de uma coisa tão... Tão tosca. Tão deplorável. Tão indigna de meu olhar. Eu sinto tanta vergonha dessas mulheres, de um manifesto que, por mais justa que seja (fosse) a causa, se intitula “Marcha das Vadias” e mostra os peitos com frases agressivas. Mulheres, meninas, moças: nós não precisamos disso. Não precisamos descer aí, tão baixo, pra conseguir alguma coisa. Lutar, sim. Colocar em prática nossos direitos, sim. Reprimir discriminações no trabalho (oi?), vamos. Como disse a minha sábia tia “Não tenho culpa se nós mulheres estamos sendo aprovadas em concursos e vocês não”. Então temos a inteligência, temos sim nosso espaço  –ainda que com muita labuta-, temos voz, temos direitos e ainda temos aquelas armas que eles não tem (não estou falando de peitos e lágrimas, como vi no blog do Edu Testosterona): a sutileza, a intuição, sensibilidade, percepção do mundo ao redor, o que muitas vezes é a chave para atingir seu objetivo no War.

Então depois de muito matutar, acessar aquelas imagens HORROROSAS, sentir vergonha, ficar triste, pensar que o mundo realmente não tem jeito, decidir escrever duas linhas e vomitar um textão, cheguei a uma conclusão (eu e minha prima, na frutífera conversa de hoje): a Marcha das Vadias é liderada por homens! É sim! São eles querendo nos fazer parecer ridículas, querendo escarnecer do título “Mulher”! Estão fazendo isso tudo pra gente perder a pose, descer do salto: ‘Ah lá, tão querendo ser respeitadas mostrando os peitos e gritando “O útero é meu!”. O útero é seu, fia. As unhas, o megahair, a bunda, até que se prove o contrário, é tudo seu. Num precisa gritar. O Estatuto do Nascituro, até onde conheci o texto, é assustador, de fato –embora vise proteger o direito à vida, oi, eu sou mulher, estou com medo de ser estuprada e receber pensão do meu ex-parceiro da penitenciária), mas temos maneiras mais inteligentes de lutar contra isso não é mesmo? Sentar na imagem de Nossa Senhora, sério? É assim que queremos ser respeitadas?

Queremos não. Eu não faço parte desse grupo. Eu já sou respeitada e quando me faltar o respeito, tenho maneiras menos indignas de fazer valer meu direito (talvez uma 640 na cintura rs).
Olha, eu devo ter ficado lá atrás, onde as coisas ainda faziam sentido. Quando existia a definição de normal e anormal. Certo e errado. Santidade, Deus, respeito, mulheres de verdade, crime.



Mas no fundo, no fundo, ninguém me tira da cabeça que foram mesmo os homens querendo nos fazer parecer ridículas. Deu certo viu?

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sobre a ansiedade, Venlafaxina, academia, namorados e muito mais.




Porque hoje eu disse a uma amiga que pudesse acessar meu blog, pois eu escreveria um texto bastante impessoal, coisa singela, talvez um conto, uma opinião útil, ideia política... Mas o negócio é que não escrevo há mais de meses e o que deveria ser uma crônica, virou um desabafo já no título. Estou agitadííííssima, uma dessas pessoas sorrideeeeentes, cheias de energiiiia que você se cansa em... Bom, cansei ¬¬’’.

Só que né, é a Paula que tem pra hoje.

Minha gente, eu estou malhando. Malhando não, desculpa, a moda agora é falar “treino”. Eu treino gente. Nada do tipo “no pain, no gain”, foco, fé e força, “vamos alimentar o mundo com clara de ovo”, POLAINAS. Enfim. Depois da infeliz experiência com o spinning aqui relatada, da aeróbica, das sessões de seiscentos abdominais, me encontrei na musculação. Como combinamos eu e um amigo, malhamos pelo bem estar, o que mudar no corpo é lucro e isso até dá certo porque você se sente bem e não engorda (não desenfreadamente).

Conforme estudos comprovam, de fato existe o tal prazer em praticar exercícios físicos. Libera mesmo o hormônio da felicidade. Mas veja bem, comigo acontece diferente. Sinto a felicidade (clandestina/Clarice Lispector) me tomar quando estou terminando os abdominais e percebo que está próxima a hora de ir embora; a tal serotonina/endorfina/dopamina, essa coisa aí, circula em meu corpo todo de maneira inexplicável:
 “EU VENCI! ACABOU MESMO!”

É tanta alegria que sinto vontade de abraçar as pessoas e agradecê-las por terem me acompanhado na árdua jornada, me dado apoio moral, feito carão pra minha camisa de vereador, pelo instrutor que não me deixou roubar no exercício de tríceps. Indo embora da academia todos os dias penso: 

-Obrigada Brasil, vocês todos que estiveram ao meu lado, a jornada não foi fácil, eu quase fraquejei no extensor unilateral, mas consegui graças a vocês. Um beijooooo! Se não chover nem fizer frio, amanhã estou aí!

Obviamente só dou um sorrisinho sem graça e parto em silêncio. Ainda não estou tão falante né.

E para a segunda pauta temos... As pessoas da academia. Eu agitadinha e saltitante sou quase uma pílula da alegria ambulante, meu sonho é fazer amizade com todo mundo e ser parte de uma turma e somos felizes e... Péra, não. Estou somente aberta às pessoas. 
Os rapazes, por óbvio, geralmente são mais sociáveis (isso quando eu não vou com a camisa da Acadepol ou de óculos)-, mas as meninas... É só carão, olhar de preguiça “-Ah lá a franga”, sorriso forçado. 

Cadê a gentileza, garotas? Custa dizer um “Tudo bem, já terminei”, “Obrigada”, “Quer ajuda?”. Bater papo na esteira com uma delas? Nem pensar (até mesmo porque na minha academia não tem gente acima do peso. As pessoas que não são saradas malham em casa e depois vão pra lá, sério; então nas esteiras só tem as tias e eu). Mas então, onde é que está escrito que não podemos nos falar? Por que me sinto invadindo um lugar onde não há espaço para mais nenhuma garota e... De repente parecemos ser todas concorrentes? Sim, a impressão que tenho é essa, de que há a disputa em atrair olhares, inflar o ego, pegar mais peso que os caras. Não, não sinto muito por não me tornar best das meninas da academia, até mesmo porque nosso papo seria basicamente:

-Eu tomo Whey Porcaria seilácomosechama, e você?
-Eu tomo Nescau.

Eu só queria mais gentileza. Não é por que você tem a perna mais grossa que a de um cara que tem que agir como um né? *sem indiretas, pelamor; estou generalizando da maneira mais ‘geral’ possível*

Então que eu ia introduzir a história da academia pra contar que gosto muito de correr, e quando corro minha mente ansiosa parece fritar, voar, de repente estou fazendo planos de mudar de cidade e só se passaram dois minutos. Essa era a ideia, apresentá-los uma mente ansiosa, contar sobre minha experiência com o Efexor, esmiuçar meus últimos romances, mas olha o tamanho do texto só sobre meu lado ‘exercite’ da vida, rs; “magina” eu relatar o que aconteceu em quatro meses? 
Em outras postagens, talvez. O negócio é que, minha amiga, fico te devendo o texto impessoal; na verdade já até o tenho escrito, mas me veio isso de falar de tudo. 
No mais, mais do mesmo: futilidade, profundidade, conversação com as estrelas, conversação com Deus; caminhando pela rua e rindo sozinha, pensamentos feitos, ideias políticas (quem diria, eu), e tanta coisa nova e velha. É bom estar de volta.