O mundo está de pernas pro ar. As pessoas estão loucas. Não,
na verdade eu enlouqueci e não acompanhei a globalização, as informações, as
teorias. O ‘caminha a humanidade’ aconteceu rápido demais e o bicho de duas
pernas passou a ter quatro, no chão, farejando, latindo, fazendo barulho,
manifestando. Não, eu também não quero me
demorar numa postagem quilométrica sobre o Brasil, o tal do “#vem pra rua” (isso
é outro texto), Dilmão, manobras políticas (adendo: Paula 2013 é política; eu
sei, estou tão chocada quanto vocês), militância gay/militância HT, ooou sobre
tantas outras coisas que, embora eu não expresse a minha opinião aos quatro
cantos do mundo, nunca deixei de tê-las.
Mas essa semana não teve como deixar passar: a milésima Marcha
das Vadias –uma manifestação (pasmem) diante
da visita do Papa ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, com gritos
eufóricos, confusos: “Estupro! Nascituro! É a verba que foi gasta pra receber o
Papa! Tirem seus rosários de nossos ovários! Chupai-vos uns aos outros” e
imagens de santos sendo quebrados, crucifixos em partes sexuais e... (Calma
Paula, é pra ser um textinho pequenininho).
Eu to até com vergonha de ter um post sério em meu blog a
respeito de uma coisa tão... Tão tosca. Tão deplorável. Tão indigna de meu
olhar. Eu sinto tanta vergonha dessas mulheres, de um manifesto que, por mais
justa que seja (fosse) a causa, se intitula “Marcha das Vadias” e mostra os
peitos com frases agressivas. Mulheres, meninas, moças: nós não precisamos
disso. Não precisamos descer aí, tão baixo, pra conseguir alguma coisa. Lutar,
sim. Colocar em prática nossos direitos, sim. Reprimir discriminações no
trabalho (oi?), vamos. Como disse a minha sábia tia “Não tenho culpa se nós
mulheres estamos sendo aprovadas em concursos e vocês não”. Então temos a
inteligência, temos sim nosso espaço –ainda
que com muita labuta-, temos voz, temos direitos e ainda temos aquelas armas
que eles não tem (não estou falando de peitos e lágrimas, como vi no blog do
Edu Testosterona): a sutileza, a intuição, sensibilidade, percepção do mundo ao redor, o que
muitas vezes é a chave para atingir seu objetivo no War.
Então depois de muito matutar, acessar aquelas imagens
HORROROSAS, sentir vergonha, ficar triste, pensar que o mundo realmente não tem
jeito, decidir escrever duas linhas e vomitar um textão, cheguei a uma
conclusão (eu e minha prima, na frutífera conversa de hoje): a Marcha das
Vadias é liderada por homens! É sim! São eles querendo nos fazer
parecer ridículas, querendo escarnecer do título “Mulher”! Estão fazendo isso
tudo pra gente perder a pose, descer do salto: ‘Ah lá, tão querendo ser
respeitadas mostrando os peitos e gritando “O útero é meu!”. O útero é seu,
fia. As unhas, o megahair, a bunda, até que se prove o contrário, é tudo seu. Num
precisa gritar. O Estatuto do Nascituro, até onde conheci o texto, é
assustador, de fato –embora vise proteger o direito à vida, oi, eu sou mulher,
estou com medo de ser estuprada e receber pensão do meu ex-parceiro da penitenciária),
mas temos maneiras mais inteligentes de lutar contra isso não é mesmo? Sentar
na imagem de Nossa Senhora, sério? É assim que queremos ser respeitadas?
Queremos não. Eu não faço parte desse grupo. Eu já sou
respeitada e quando me faltar o respeito, tenho maneiras menos indignas de
fazer valer meu direito (talvez uma 640 na cintura rs).
Olha, eu devo ter ficado lá atrás, onde as coisas ainda faziam
sentido. Quando existia a definição de normal e anormal. Certo e errado. Santidade,
Deus, respeito, mulheres de verdade, crime.
Mas no fundo, no fundo, ninguém me tira da cabeça que foram
mesmo os homens querendo nos fazer parecer ridículas. Deu certo viu?