sexta-feira, 4 de setembro de 2015

"Não deixe a compaixão se afogar"


Não são tempos difíceis só para quem está engasgado com a atual situação política de nosso país. Não são tempos difíceis só para quem é vítima da crescente violência -muitas vezes gratuita- de nossa cidade. Não são tempos difíceis apenas para quem está olhando a crise econômica bem de perto, nos olhos. São tempos difíceis para todos nós, satisfeitos ou não, em qualquer parte do mundo. John Done e seus sinos não poderiam ser mais oportunos: precisamos parar de nos enxergar como pequenas ilhas cercadas por rotinas aceleradas e pensar, de verdade, que a morte de uma criança síria me diminui, te diminui, diminui a nós todos. Se em qualquer parte do mundo acontece o que a ONU chama de “maior crise humana de nossa era”, quer saber? Acontece aqui. E nada de “Já temos nossos problemas, não precisamos de mais isso e aquilo” porque solidariedade e compaixão é colocar o seu problema debaixo do braço e olhar para o lado. São tempos difíceis, mas não basta o nó na garganta e o olhar pesaroso em uma criança que representa tantas outras vítimas. Hoje eu me pergunto: to fazendo o que aqui, de bobeira nesse mundo, sendo levada pela maré do descaso? Não sei, mas sei o que não estou fazendo: não estou defendendo uma causa apenas por compartilhar fotos ou aproximando-me do desamparo dos refugiados com  meu enlutado “like”. Tateando no escuro, vamos nos mexer, geração de boas, vamos tentar conhecer um pouco disso que nos choca e deixa esse desalento aqui, e se não houver nada, nada mesmo, há algumas orações, porque são tempos difíceis, eu já disse, para todos nós. Assim, se os sinos tem dobrado todos os dias por milhares de inocentes em mortes tanto cruéis, tanto desamparadas de homens, mulheres, crianças, não se engane e faça de conta que não viu, porque no fim, eles também dobram por nós.




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