Recomendo
para ouvir : Every Pitcure Tells a Story
Eu sou suspeita para criticar, pois me
descobri uma devota às selfies; aliás, tão selfish me tornei que o único “ista” que posso
me afirmar hoje é “ego”. Mas
guardem os julgamentos para vocês; eu só queria
ser fotógrafa profissional de alguma paisagem e coincidentemente a única
paisagem que posso me dizer conhecedora é a do meu próprio rosto.
Pois bem. Entre uma selfie e outra, pensei
em fazer algo de mais útil e me pus a...pensar. Lembrei-me de um programa que,
diferente de montanha-russa no sábado à tarde, cinema com filme dublado ou café
forte sem açúcar, atende aos gostos mais exigentes e até hoje não conheço quem
diga que não goste de ver fotos antigas. Sim, aquelas antigonas que só uma de nossas tias tem trancada
às sete chaves num armário de mogno, ou aquelas que, por razões absolutamente
desconhecidas, as mães insistem em mostrar aos namorados.
E a reunião de foto antiga mais divertida
geralmente começa de maneira despretensiosa, no café de madrugada da casa de
tia Zulmira ou depois da pizza e do filme em tia Ném; de repente, estamos todos
sentados no chão enquanto o arsenal, ao ser passado de mão em mão, gera fontes
inesgotáveis de bullying familiar “Pelamor de Deus, ó meu cabelo gente! Por que
cês não me falavam”, “E André que só tinha essa bermuda?”, “Nossa, tia, queima
essa foto aqui!”. Por um lado gargalhadas, por outro, suspiros e olhos
marejados de lembranças: sempre tem aquela foto do Carnaval de 1996, em
Alcobaça, quando estávamos reunidos tomando Milk Shake na Khalua e aí alguém
solta “Tempo bom que não volta mais...” Perco tempo me perguntando agora: no
futuro vou sentir saudade do presente, como no presente sinto falta do passado?
Experiências me dizem que sim... Vai saber?
Mas interessante mesmo -constatei depois de
ver tantas fotos antigas- é que nossos pais com uma Kodak e um filme de 36
poses que deveria durar todo o verão, não hesitavam em registrar fotos que não
pareciam muito profissionais e provavelmente não captavam nossos melhores
ângulos (outro salve pra tia Ném!); se a gente parar pra reparar bem são umas
fotos meio feias essas fotos antigas, principalmente se não for foto da nossa
família: é cara amarrada no banco de trás do carro, um sem fim de bocas e
dentes numa gargalhada, rosto sujo de picolé de minissaia, trezentas crianças
sem camisa na carroceria de uma Fiorino (isto sem mencionar as fotos da
ceia do Natal!).
Verdade que talvez falte às nossas fotos
antigas alguma beleza, -a beleza óbvia e apática que nossa geração #selfiesh é
perita em registrar -, talvez uns filtros caíssem bem e uma iluminaçãozinha não
fizesse mal, entretanto, diferente de minha pasta intitulada ‘Selfie’ que
poderia ser facilmente substituída por ‘Nadas’, diferente de rostos perfeitos e
vazios, de moeda de troca por like e atenção, todas as nossas fotos
antigas contam uma história, não é
mesmo?
Saudoso
vô Luciano... Saudoso pé de goiaba!
Carreta Furacão
dos anos 90
Mãe diz: “Poe o capacete no de cabelinho
liso, ta moço?”
Cosmopolitan
indo passar um efe-de-esse com meu pai em GV (de lá pra cá não mudou muita coisa)
Rosinha, nossa
canoa!
Bendito
sacaneado entre as primas
Essa não é
antiga, mas eu quis postar mesmo assim porque é vó soberana.
E pra encerrar:
a gente na Kalua, tomando Milk Shake, em um Carnaval de 1900 e bolinha de gude
(apesar de que nessa foto nem tem eu, mas ah, deu pra entender...)
Nenhum comentário:
Postar um comentário