quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Férias e outras expectativas...

(Um texto de Natália Spósito, minha prima, escritora convidada da semana. Enjoy it!)


 

No começo ouvindo "Folhetim", Nara Leão...

Início de Dezembro, bela tarde chuvosa de quinta-feira e cá estou, com um TÉDIO em Caps Lock. 

Para tentar espantá-lo lembrei que a digníssima dona deste blog me havia “convidado” (de forma incisiva) a compartilhar este espaço e a atenção de vocês, nobres pessoas entediadas. Então, eis-me aqui, com esta árdua tarefa de tentar entretê-las, quando eu mesma não consigo me entreter...

Trabalhei o ano inteiro, como uma vaca leiteira na ordenha, esperando ansiosamente o descanso revigorante das férias. O trabalho acabou, as férias começaram; as férias já estão no meio e o tal descanso revigorante nada... Pelo contrário, me sinto psicológica e sentimentalmente muito mais cansada do que quando estava na ordenha.



#behappy
                                           

Os tolos me chamarão de doida, mas sei que vocês leitores inteligentes e entediados, me entendem, pois tudo começou com o ócio que é a causa precípua do tédio (sem o Caps Lock). E aos poucos fui percebendo que fomos adestrados para trabalhar como robôs ou vacas, de tal forma que o trabalho se torna um dos pilares que sustenta nossa existência. Para mim, que sempre detestei trabalhar (sim, quem gosta?! ¬¬’ ), foi um choque perceber isso (ainda mais durante as minhas férias)...

Ah... (suspiro)! Minhas férias, meu descanso revigorante, a paz divina, a oitava maravilha do mundo e tudo o mais que você puder pensar de lindo e maravilhoso. Meus planos, vários por sinal (até arrumar o guarda-roupa é uma pretensão), filmes, livros, sol, praia, Rio (de Janeiro, viu?!), várias viagens... Ah! Minhas férias... A expectativa de um vulcão em erupção de momentos felizes (várias lavinhas felizes- hehe), e de repente a única coisa que explode é o meu “ócio depressivo”.

Ainda estou em choque, tentando aos poucos me recuperar e “curtir” (uhul \o/ ) o que resta das minhas férias. E fica um conselho para você que como eu já é vaca: pense menos e viva mais (principalmente se você estiver de férias); e para você que ainda não é uma vaca: Como eu te invejo... (como dizem os “pequenos” invejosos: “invejinha boa, invejinha branca” – kkkk onde já se viu existir inveja boa/branca?!¹).


Agora já é fim de tarde e alguns raios de sol tímidos invadem meu quintal e minha alma. Sim, estou de férias e tenho todo um Dezembro pela frente, para me alegrar e às vezes me entristecer. E citando em sonho alheio Caio Fernando Abreu: “Talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor.” Então...

-Garçom, uma dose de amor e um porre para acompanhar.



             Para finalizar: Pro dia nascer feliz (quem sabe né?) - Cazuza


   Por Natália Spósito Lemos

¹Inveja: 1. Desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia; 2. Desejo irrefreável de possuir ou gozar o que é de outrem. (Dicionário Houaiss)


ps²: Natália foi sorteada com a postagem de numero 100 do nosso blog, uhuuuul! Você ganhou muito prestígio e um lugar eterno em nossos corações. A equipe 'Viva o Tédio' agradece. 

xoxo
Paula


domingo, 1 de dezembro de 2013

Je me fous du passé!


Música da noite: Non, je ne regrette rien - Edith Piaf

Se, porventura, percebes
Que já não me amas mais,
Vá se embora para sempre – como daquela vez-
“Para nunca mais voltar”
Deixa-me cá quieta, na solidão inesperada,
Olhar-me no espelho de novo
Recuperar a minha paz.

Se, por acaso, lá fora
Nada te interessou,
Volte para casa, meu bem, -como daquela vez-
Grite lá debaixo, com as malas nas mãos,
Que teu amor sou eu
Nada irá nos separar,
Sou a dona dos teus olhos e eterna do teu coração.

Prometa em meu ouvido
Que a ausência nada mudou
Sou um anjo por perdoá-lo - lembra daquela vez?-
“Gosto mesmo é de morenas"
Agora ninguém atrapalha.
A casa está uma beleza!
Que saudade, que saudade, dessas tuas mãos pequenas.

Mas. Contudo. Todavia,
Há tanto “mas” para dizer
Olhei-me no espelho e não via
A mulher que poderia ser.

E saudade daquela moça, para quem tempo ruim não existia,
Só fazia as vontades dela e o amante escolhia.
Perdoar um cafajeste, que sequer a amou de verdade?
Para essa moça não, não havia possibilidade.

E, meu bem, dói lhe dizer
Mas ah! Acredito eu, vai doer mais em você:
A moça que aqui deixou,
Procurou a própria paz
Andou pela casa sozinha
Acabou encontrando demais.

E eu perdoo-o de verdade
Por estas lágrimas sinceras
Mas chorar de joelhos agora
Não trará a mulher que eu era
Então trate de levantar-se,
Ajunte tuas malas no chão,
Vá se embora - para sempre dessa vez-
E leva tua desilusão. 


terça-feira, 26 de novembro de 2013

Universo Feminino: o que tem de novo?




Hoje vou deixar meu lado f*hit de lado e não postarei tutorial de maquiagem, look do dia ou unha da semana (eu sei, não sobra muito assunto né meninas, afinal, bloguete que se preze não tem mais sobre o que discorrer).

Sem mais delongas, o tema de hoje no ‘Casos de Família’ é: machismo. Machismo e Feminismo. Teoria machista-feminista moderada. Teorias bizarras que eu crio, mas nem tento difundir porque tem tanta fundamentação lógica quanto... Nenhuma. Na verdade eu sempre tive um pezinho no machismo velado, morria de preguiça da militância feminista – aquela agressiva-, e por vezes me permitia dizer “quem foi a doida que inventou de queimar sutiã na praça pra gente poder trabalhar? Eu podia estar em casa fazendo uma torta de amora e cuidando dos meus filhos”, mas aí eu lembrei que dirigir sozinha me faz muito mais feliz do que pensar em um marido e filhos. Até mesmo porque a vida de Amélia... Ai, coitada da Amélia.


Trabalhar é uma... Benção! (Assim que a gente fala quando não quer xingar). Trabalhar, fazer faculdade, pensar em ter uma carreira foda, fazer academia -porque ninguém merece usar maiô aos 24 anos-, é até capaz de dar uma estressada na gente e num lapso nos fazer pensar “Por que é que não virei madame?”. Mas a autonomia, ah, isso realmente não tem preço e nem acho necessário pormenorizar. Acho lindo ser mulher alpha.


Aqui pra vocês, ó!

Mas então que eu ainda tinha umas ideias meio que coniventes com o machismo, ideias estas que estão cada vez mais remotas em minha mente. Hoje vi uma ‘pegadinha’ interessantíssima em que um cara feio dos infernos perturbava a mulher pra sair com ele e quando ela negava, ele abria sua Ferrari vermelha (aí ela, pra matar a gente de orgulho, fica correndo atrás do cara na tentativa de dar um role no carrão. Shame on you).

(O que esperar de uma pessoa que usa biquíni rosa pink de franja? Tsc tsc tsc. #evil hihi)



Agora que interessante. Mulher interesseira é coisa feia né, mas tem demais. É o que mais tem nesse mundo. É só fazer a pegadinha da Ferrari que dá pra ver “Ah lá, tudo interesseira”. Mas homem interesseiro..? Não, nunca vi. Homem que fica com mulher só pelo status, pelo dinheiro, para aparecer na High Society? Ah, ta brincando! Existe?!! #chocada sqn. Por que é que tão engraçado comprovar que existem mulheres que se vendem, enquanto a distante  ideia de um cara interesseiro não gera humor? Por que não tem graça nenhuma. Gente interesseira não tem graça.

Entretanto meu desabafo de hoje não se restringe a uma piada tosca feita em um programa tosco. Agora as #trendgirls talvez se interessem pela pauta: o novo aplicativo que tem tirado o sono de um bocado de rapazinhos, o Lulu.


Os mano pira!

Trata-se de um grupo feminino onde podemos julgar os boys de acordo com critérios: interesse, inteligência, beijo, bom de cama (ui!), se é chato, etc. Tudo com hashtags que são até engraçadas:  “#LindoTesãoBonitoeGostosão, #Cavalheiro, #TrêsPernas, #DáSono”. 

O aplicativo acabou de chegar ao mercado e já ta rendendo assunto pra mais de mês: é a vingança das mulheres ou apenas uma ferramenta de puro recalque? Pessoalmente, baixei o aplicativo hoje e não consegui usar porque estava congestionado, ou seja, a maioria das mulheres está amando esse poder de tratar os rapazinhos como pedaço de carne no açougue e eles, as vítimas, estão se contorcendo de ódio – vá lá que estou me divertindo com a curiosidade deles em saber sua pontuação-. 

Entretanto não é agindo da mesma maneira que eles que daremos o troco. Se nos tratam de maneira grosseira, então nos tornamos ogras? Além do mais, o aplicativo já virou meio sádico para denegrir o novinho que te deu um fora.

Eu não sei como daremos o troco, aliás, nem sei se precisamos dar um troco. Esse negócio de vingar só é bom em seriado americano, na vida real acrescenta necas. Acho que precisamos de mais mulheres pensantes, que se orgulhem da autonomia, que busquem o poder de verdade e não apenas um aplicativo no celular que nada muda no sentido prático das coisas. Ressaltando que não vamos adquirir poder mostrando os peitos na rua, muito menos agindo agressivamente para mostrar que somos ‘macho’. Somos mulheres. Vamos conquistar o mundo de salto, perfume e cabelos sedosos.

É tudo em tom de brincadeira, mas não deixa de ser sério, fiquemos mais ligadas: o machismo está mais presente no dia a dia, na sociedade, no nosso moderno século XXI, que podemos nos dar conta. 
(Quem diria, eu, de machista a machista-feminista moderada, a finalmente feminista. Sou só agradecimentos ao “Pânico na Tv”).



segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TOP 10 Campeonato Brasileiro 2013 - A Caçada, II





Ah baum. Agora que sou uma #trendgirl antenada que só publica questões de relevante interesse social, vamos falar de futebol. Primeiramente, deixar de lado aquela encheção de saco machista de inquirir com um sorrisinho no rosto: “Então me fala o nome do técnico do seu time”, ou um comentário incrível que fizeram em meu face quando elogiei o gato do Péricles Bassols (árbitro) “Em futebol, mulher só pode falar disso”. Homens machistas, peguem essa idealização linda que vocês tem de que tem que ser “muito macho” para entender um esporte TÃO COMPLICADO quanto o futebol, guardem na caixinha oca que chamam de cabeça e vão jogar uma pelada no campinho do bairro.

É claro que ninguém gosta de torcedor “de última hora”. Aqueles que só torcem para o ‘Brasil’ na Copa pra poder ir pra rua beber, inclusive quando meu Cruzeiro sambou na cara do Brasileirão com quatro rodadas de antecedência, vi cruzeirense (ladies and gentlemen) de última hora perguntar se o artilheiro do time era reserva. Rs.
Mas enfim, pacificada essa questão, e como boa #trendgirl que sou, vou fazer com que você, querida leitora entediante, se apaixone pelo futebol, vibre em cada rodada do campeonato, descubra o seu time -e jogador- do coração. Meninos e meninas, topyyy 10 mais gatos do Brasileirão 2013, vem comigo!




10.º Esse daí é o Pablo Guerrero Gato (Corinthians) ocupando a última posição. Quê que vem mais hein, gente?




  
                                        9º Muriel, Inter. Boatos de que ele não é tããão lindo, mas discordo. Merecido.





                            E eu achando que o Botafogo não ia prestar pra nada nesse campeonato hein?? hahaha 8º lugar, Henrique!



                                         
    7º Lucas Silva, volante do Cruzeiro. 
Foi difícil não escalar o time todo do Cruzeiro. Mas respeito a democracia e busquei jogadores fora (uns que nem conheço rs).


6º Olha aí de novo: Cruzeiro. Esse lindo aqui fez gols incríveis e brilhou no campeonato: Ricardo Goulart.


E o top 5????



Awwwnnn!!!
Alexandre Pato ocupa a 5ª posição. É tipo unanimidade, é básico, é lindo sem direito à contestação.                                


Coisa mais linda.
4º lugar foi novamente do Botafogo: Lodeiro.



Passandus Melius, do latim, meus olhos brilharam.


                                   3º Alisson Becker, jogador do Inter, que se desistir da carreira tem lugar garantido nas passarelas, na rede Globo e em meu coração. (Ah, ele é irmão do Muriel, nosso 9º lugar!)


E o que temos para o segundo lugar?

 Respeita o moço/Patente Alta/Bigode Grosso/Vamos casar.

Fiquei até na dúvida entre o Alisson Becker aí de cima e o Willian, mas meu coração de torcedora me traiu. É lindo, é carismático, é bom de bola, é do meu Cruzeiro. 
      


E em primeiro lugar:


Deus conserva.
Uau, que surpresa! Afinal eu não sou fabionete assumida do tipo que grita meia hora quando ele pega na bola e diz "Filma o goleiro, filma o goleiro". 
O primeiro lugar em meu coração sempre foi dele, Fábio, o capitão do time, exemplo de marido, de homem, de goleiro, de coisalinda, de... Ah, quero pra mim. :"(
Merecidamente levantou a taça de tricampeão brasileiro, fez defesas incríveis, salvou o time e fez a torcida feminina suspirar. Lembro de um comentarista dizendo "E olha que engraçado, é só o Fábio pegar na bola que se ouve o grito da mulherada atrás do gol. É o galã do time". É, e deveria ser o galã da seleção também.


Então. Acredito que ano que vem estarão mais empolgadas para assistir futebol no bar com as amigas, porque é no mínimo um incentivo. Só não me matem de vergonha amarrando camisa de time pra mostrar barriga e mudar de torcida a cada campeonato. Rs. 
E para não perder o costume... Atlético - MG nem assim pra ganhar um prestígio, hein? (Os jogadores 'tão' tudo ocupado tirando passaporte pra viajar pro exterior, que chique!!!!). 






sábado, 19 de outubro de 2013

Havaiana de Pau - Post para espairecer



Finalmente entendi por que meu blog vive abandonado, sobrevivendo apenas de esmolas de visitações e o amor que lhe dedico. Se pensam que o motivo é o fato de eu escrever apenas sobre o que me cerca e meu umbigo, estão errados. Também se engana se imagina que a qualidade textual seja motivação; ou talvez por que é ruim mesmo. A verdade é que perdi a moda que passava e não me enquadro, por ora, no verbete “bloguete”. Mas minha gente, vamos corrigir isso e é agora! 
Minhas queridas leitoras “entediantes” do meu BRASIL –e do exterior também #meacho-, dedico esse post aos blogs de moda, de make, tutorial, trendit, f*hits, que nos inspiram diariamente com fotos de fato significantes e legendas como “dujour”, “trend”, “onça leopardo elefante”, “unha”. Pois então. Se todo mundo respira, expira, inspira, por que não eu?

Entendo que o texto deve começar com algo falando sobre a estação que se aproxima (pode ser a de Paris), sobre as tendências da semana da moda e o novo lançamento da Schutz. Vamos lá –nervosa rs-.

Meninas, como vocês sabem, moro em uma cidade um pouco quente (Teófilo Otoni, joguem no Google a previsão da seca) e com a chegada do verão, nada melhor do que apostar em looks leves, cheios de cor e conforto, afinal ninguém merece roupa carregada e desconfortável quando o status de sua pele é descrito como “derretendo”. Eu costumo apostar em saris, véus e longos de seda para passeios diários, pois o clima aqui em muito se assemelha ao do Egito. E então, quando vamos dar uma volta casual, nada melhor do que apostar em uma rasteirinha cheia de charme e praticidade não é mesmo, lindas?


 #inspired #tudodebom #lançamentoSchutz

Sandálias Havaianas, tudo de bom! Aliás, em minha terra a gente fala chinelo mesmo. Quando não fala “chinél”, que é mais descolado. Havaiana cai bem em qualquer situação: açaí com as amigas, faculdade, padaria, casa de vó, Hipermercado Araújo (que são os lugares mais tops que existem em minha cidade, e, óbvio, que mais frequento). Mas agora que sou bloguete e quero passar todas as tendências de moda e também experiências de vida para minhas seguidoras, não poderia deixar de compartilhar uma dica. Meninas, não há nada pior do que sair para um passeio sábado à tarde à beira da lagoa Rodrigo de Freitas (ou rio Todos os Santos, tudo a mesma coisa), calçando sua estilosa Havaiana e num segundo, você se sente quase nua no meio da rua, meio que pisando no chão: a correia ‘rebentou’!


DO NOT PANIC, GIRL. EVERYTHING IS GONNA BE ALRIGHT.
 #partiugambiarra #quemnunca #aprendiausarhashtag #havaianadepau

Quando se está sozinho, a situação fica mais penosa, mas não perca a pose e seu passeio por causa disso, aqui vai a dica preciosa. It girl que se preze sempre carrega um grampo de cabelo na bolsa né, além do Iphone, do Coco Mademoiselle miniatura, chiclete, elástico de cabelo (que aqui a gente chama de xuxinha, mas não fica muito classudo né), protetor solar Roche Posay. Pois bem, você parte o grampo no meio (força, garota!), enfia assim na ponta da correia rebentada e voilá: o passeio continua!


#sempregosemgloria #npng #chinél #ficadica

Eu frequentemente passo por essa situação, porque tenho uma sola do pé de ferro e piso meio torto, então quebro seis chinelos por ano. Como vi numa publicação no face, só não recomendo ir à agencias bancárias com seu chinelo recauchutado, pois pode haver um embaraço e você, linda, vestida de Zara, Animale e John John, ter que descalçar sua rasteirinha e colocá-la na caixinha de objetos metálicos – mas dá pra superar, garanto. Também não é legal ficar expondo a sola do chinelo ao cruzar as pernas, ou sentar-se mais à vontade, invejosos criticarão e farão piada. 

É isso, leitoras assíduas, por vezes trarei dicas de perfumes, calçados, viagens, cabelo e make para vocês.
Na próxima postagem pretendo trazer a inauguração de um ambiente lindo aqui em Teó, que promete ser o hit do sábado da galera jovem e antenada daqui. Vou dar só uma dica: começa com Tia e termina com Teca.

Bisou Bisou

Obs: Apenas brincadeira, minha gente. Quem sou eu pra julgar futilidade, senão apenas mais uma seguidora? Acompanho algumas ‘its’, admiro a produção, os cabelos maravilhosos, as fotos incríveis de viagens, mas sem levar isso tudo tão a sério. Tem mais coisa na vida né?

domingo, 13 de outubro de 2013

Além do rio...



"You were once
My one companion ...
You were all
That mattered ...
You were once
A friend and father -
Then my world
Was shattered"



Nos quintais mais coloridos, cheios de flores amarelas, vermelhas e azuis; na cozinha onde tantas mulheres conversam animadas enquanto cortam tomates; nas festivas reuniões do final do ano; no seio daquela família enorme de tantos filhos, netos e bisnetos; no casarão branco de janelas azuis... A hora de se despedir também chega.

Se são jovens e partem de maneira trágica, tanta dor parece compreensível; mas quando quem se despede é uma pessoa tão velhinha, apesar da saúde e lucidez incrível, que já teve tanta história pra contar, a dor é só uma coadjuvante não é mesmo? Não. Dói e é demais. Se a morte chega de maneira abrupta, ou se é esperada, ou se é tão serena como “um passarinho”, dói ainda, e sabe, é demais.
Porque essa gigante família não esperava perder a liderança tão cedo. Ainda que o tão cedo significasse noventa e (quase) sete anos. Tão cedo porque pra se despedir, nunca há demora, estamos sempre deixando o relógio correr bem devagarzinho...

“Ora, o último inimigo a ser derrotado é a morte”. Derrotamos a morte quando acreditamos em um Deus que consola que abraça e, principalmente, que ressuscita. Mas derrotar a saudade é difícil, superar a distancia e engolir o nó; pensar “e agora?”. Nunca estamos preparados, por mais que saibamos no fundo, por mais que todos digam “basta estar vivo”, o arrepio que percorre o corpo, a frialdade que nos envolve, os olhares assustados tão cúmplices, nunca estaremos preparados.

Sentimos dor nos pés, pois quase não nos sentamos durante a noite; dor no pescoço, quando cochilávamos de mau jeito na cadeira; dor nos olhos, nos músculos da face, de tanto chorar; dor pelo corpo, quando nos apertávamos forte demais para aplacar a tristeza. Mas a pior, é essa que fica quando já estamos em casa descansando, repensando o ocorrido, meditando nos últimos minutos ao seu lado. Tudo em meu corpo dói, não há um pedacinho que não lateje; mas agora, depois de dizer meu “até breve” e deixá-lo, não há parte que doa mais que meu coração.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

E pra quem fica...


"Uma voz no vento
Chama azul do dia
Doce perfume, canção
Uma voz no tempo
Resiste na noite
E as lágrimas fogem de ti
Uma voz no vento
Uma voz me chama
Brisa de amor, doce coração
Uma voz no tempo
Carinho na alma
E as lágrimas fogem de ti
Se quem chegou, partiu
Se quem virá, já foi
Só pra quem fica os dias são todos iguais
Mil sonhos pra enterrar
Ventos e vendavais
Corpo e alma afetam
Se os anos pesam demais no coração
E as lágrimas fogem de ti
E lágrimas fogem de mim
E um rio se forma de nós."
A belíssima música de Marcus Viana expressa basicamente tudo que há a dizer. Eu sei, nada de textos pessoais, nada de vomitar sua vida tédio aqui, mas há sempre aquilo que precisa ser dito e... Escrever faz passar. Ora, o blog é meu. Deixa eu reclamar à vontade, tô pedindo desculpas pra quem afinal? (rs).
[Ainda triste, as piadas não param de surgir em minha mente, deve ser algum transtorno novo que os psiquiatras ainda não descobriram.]
Porque eu já havia dito, estamos só de passagem, mas ainda dói. Porque pra quem fica, os dias são realmente todos iguais e só resta mesmo enterrar os sonhos. Os mil sonhos. Os nomes, as lembranças, a força sobre humana  de ter que dizer: "Não dá certo". E sorrir ainda, ser forte ainda, os dias são iguais, mas são meus dias, é a minha vida que segue, então que siga de uma maneira no mínimo... Divertida, alegre. É aí que está a nossa natureza: se recompor, acordar cada dia, menos saudosa; e, citando Clarice L. pra variar, "Faça com que eu saiba ficar com o nada, e mesmo assim, me sentir como se estivesse plena de tudo". E um rio, sim, de distância, se forma em nós.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Menina Grande, Menino Grande



"Sou uma gota d'água, sou um grão de areia... Você me diz que seus pais não entendem, mas você não entende seus pais. Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo. São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer..."

Mães e filhas, pais e filhos, mães e filhos, pais e filhas: existe relacionamento mais complicado? Mas quanto mais nos aproximamos de nossos pais, mais nos aproximamos de Deus. 
Como eu costumo dizer, "seguir para a luz", que significa tentar se tornar uma pessoa melhor todos os dias, só é possível tendo ao lado aqueles que torcem pelo nosso bem, rezam com devoção pelos nossos passos incertos, nos abençoam todas as noites.

Que todas as feridas do passado permaneçam no passado e tentemos perdoá-los pelos erros cometidos - errar é humano. Sobretudo, que consigamos agradecer todos os dias por tê-los em nossas vidas, seja com uma piada sobre o cabelo, seja com um abraço na hora de dormir, um telefonema para saber como vão as coisas, um e-mail de duas linhas: "Mãe, você está muito à toa hoje, me deixe trabalhar!"; "Pai, eu não entendo nada de carros, não adianta mandar esses sites". E eles, pacientemente, respondem que estão apenas querendo saber como estou, se comi três castanhas por dia, que um dia aprenderei a diferença entre freio ABS e tambor/disco/(é isso mesmo?). 

Amor incondicional. Isso é realmente bonito, não é?

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Nem eu.





O mundo está de pernas pro ar. As pessoas estão loucas. Não, na verdade eu enlouqueci e não acompanhei a globalização, as informações, as teorias. O ‘caminha a humanidade’ aconteceu rápido demais e o bicho de duas pernas passou a ter quatro, no chão, farejando, latindo, fazendo barulho, manifestando.  Não, eu também não quero me demorar numa postagem quilométrica sobre o Brasil, o tal do “#vem pra rua” (isso é outro texto), Dilmão, manobras políticas (adendo: Paula 2013 é política; eu sei, estou tão chocada quanto vocês), militância gay/militância HT, ooou sobre tantas outras coisas que, embora eu não expresse a minha opinião aos quatro cantos do mundo, nunca deixei de tê-las.
Mas essa semana não teve como deixar passar: a milésima Marcha das Vadias –uma manifestação (pasmem) diante da visita do Papa ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, com gritos eufóricos, confusos: “Estupro! Nascituro! É a verba que foi gasta pra receber o Papa! Tirem seus rosários de nossos ovários! Chupai-vos uns aos outros” e imagens de santos sendo quebrados, crucifixos em partes sexuais e... (Calma Paula, é pra ser um textinho pequenininho).

Eu to até com vergonha de ter um post sério em meu blog a respeito de uma coisa tão... Tão tosca. Tão deplorável. Tão indigna de meu olhar. Eu sinto tanta vergonha dessas mulheres, de um manifesto que, por mais justa que seja (fosse) a causa, se intitula “Marcha das Vadias” e mostra os peitos com frases agressivas. Mulheres, meninas, moças: nós não precisamos disso. Não precisamos descer aí, tão baixo, pra conseguir alguma coisa. Lutar, sim. Colocar em prática nossos direitos, sim. Reprimir discriminações no trabalho (oi?), vamos. Como disse a minha sábia tia “Não tenho culpa se nós mulheres estamos sendo aprovadas em concursos e vocês não”. Então temos a inteligência, temos sim nosso espaço  –ainda que com muita labuta-, temos voz, temos direitos e ainda temos aquelas armas que eles não tem (não estou falando de peitos e lágrimas, como vi no blog do Edu Testosterona): a sutileza, a intuição, sensibilidade, percepção do mundo ao redor, o que muitas vezes é a chave para atingir seu objetivo no War.

Então depois de muito matutar, acessar aquelas imagens HORROROSAS, sentir vergonha, ficar triste, pensar que o mundo realmente não tem jeito, decidir escrever duas linhas e vomitar um textão, cheguei a uma conclusão (eu e minha prima, na frutífera conversa de hoje): a Marcha das Vadias é liderada por homens! É sim! São eles querendo nos fazer parecer ridículas, querendo escarnecer do título “Mulher”! Estão fazendo isso tudo pra gente perder a pose, descer do salto: ‘Ah lá, tão querendo ser respeitadas mostrando os peitos e gritando “O útero é meu!”. O útero é seu, fia. As unhas, o megahair, a bunda, até que se prove o contrário, é tudo seu. Num precisa gritar. O Estatuto do Nascituro, até onde conheci o texto, é assustador, de fato –embora vise proteger o direito à vida, oi, eu sou mulher, estou com medo de ser estuprada e receber pensão do meu ex-parceiro da penitenciária), mas temos maneiras mais inteligentes de lutar contra isso não é mesmo? Sentar na imagem de Nossa Senhora, sério? É assim que queremos ser respeitadas?

Queremos não. Eu não faço parte desse grupo. Eu já sou respeitada e quando me faltar o respeito, tenho maneiras menos indignas de fazer valer meu direito (talvez uma 640 na cintura rs).
Olha, eu devo ter ficado lá atrás, onde as coisas ainda faziam sentido. Quando existia a definição de normal e anormal. Certo e errado. Santidade, Deus, respeito, mulheres de verdade, crime.



Mas no fundo, no fundo, ninguém me tira da cabeça que foram mesmo os homens querendo nos fazer parecer ridículas. Deu certo viu?

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Sobre a ansiedade, Venlafaxina, academia, namorados e muito mais.




Porque hoje eu disse a uma amiga que pudesse acessar meu blog, pois eu escreveria um texto bastante impessoal, coisa singela, talvez um conto, uma opinião útil, ideia política... Mas o negócio é que não escrevo há mais de meses e o que deveria ser uma crônica, virou um desabafo já no título. Estou agitadííííssima, uma dessas pessoas sorrideeeeentes, cheias de energiiiia que você se cansa em... Bom, cansei ¬¬’’.

Só que né, é a Paula que tem pra hoje.

Minha gente, eu estou malhando. Malhando não, desculpa, a moda agora é falar “treino”. Eu treino gente. Nada do tipo “no pain, no gain”, foco, fé e força, “vamos alimentar o mundo com clara de ovo”, POLAINAS. Enfim. Depois da infeliz experiência com o spinning aqui relatada, da aeróbica, das sessões de seiscentos abdominais, me encontrei na musculação. Como combinamos eu e um amigo, malhamos pelo bem estar, o que mudar no corpo é lucro e isso até dá certo porque você se sente bem e não engorda (não desenfreadamente).

Conforme estudos comprovam, de fato existe o tal prazer em praticar exercícios físicos. Libera mesmo o hormônio da felicidade. Mas veja bem, comigo acontece diferente. Sinto a felicidade (clandestina/Clarice Lispector) me tomar quando estou terminando os abdominais e percebo que está próxima a hora de ir embora; a tal serotonina/endorfina/dopamina, essa coisa aí, circula em meu corpo todo de maneira inexplicável:
 “EU VENCI! ACABOU MESMO!”

É tanta alegria que sinto vontade de abraçar as pessoas e agradecê-las por terem me acompanhado na árdua jornada, me dado apoio moral, feito carão pra minha camisa de vereador, pelo instrutor que não me deixou roubar no exercício de tríceps. Indo embora da academia todos os dias penso: 

-Obrigada Brasil, vocês todos que estiveram ao meu lado, a jornada não foi fácil, eu quase fraquejei no extensor unilateral, mas consegui graças a vocês. Um beijooooo! Se não chover nem fizer frio, amanhã estou aí!

Obviamente só dou um sorrisinho sem graça e parto em silêncio. Ainda não estou tão falante né.

E para a segunda pauta temos... As pessoas da academia. Eu agitadinha e saltitante sou quase uma pílula da alegria ambulante, meu sonho é fazer amizade com todo mundo e ser parte de uma turma e somos felizes e... Péra, não. Estou somente aberta às pessoas. 
Os rapazes, por óbvio, geralmente são mais sociáveis (isso quando eu não vou com a camisa da Acadepol ou de óculos)-, mas as meninas... É só carão, olhar de preguiça “-Ah lá a franga”, sorriso forçado. 

Cadê a gentileza, garotas? Custa dizer um “Tudo bem, já terminei”, “Obrigada”, “Quer ajuda?”. Bater papo na esteira com uma delas? Nem pensar (até mesmo porque na minha academia não tem gente acima do peso. As pessoas que não são saradas malham em casa e depois vão pra lá, sério; então nas esteiras só tem as tias e eu). Mas então, onde é que está escrito que não podemos nos falar? Por que me sinto invadindo um lugar onde não há espaço para mais nenhuma garota e... De repente parecemos ser todas concorrentes? Sim, a impressão que tenho é essa, de que há a disputa em atrair olhares, inflar o ego, pegar mais peso que os caras. Não, não sinto muito por não me tornar best das meninas da academia, até mesmo porque nosso papo seria basicamente:

-Eu tomo Whey Porcaria seilácomosechama, e você?
-Eu tomo Nescau.

Eu só queria mais gentileza. Não é por que você tem a perna mais grossa que a de um cara que tem que agir como um né? *sem indiretas, pelamor; estou generalizando da maneira mais ‘geral’ possível*

Então que eu ia introduzir a história da academia pra contar que gosto muito de correr, e quando corro minha mente ansiosa parece fritar, voar, de repente estou fazendo planos de mudar de cidade e só se passaram dois minutos. Essa era a ideia, apresentá-los uma mente ansiosa, contar sobre minha experiência com o Efexor, esmiuçar meus últimos romances, mas olha o tamanho do texto só sobre meu lado ‘exercite’ da vida, rs; “magina” eu relatar o que aconteceu em quatro meses? 
Em outras postagens, talvez. O negócio é que, minha amiga, fico te devendo o texto impessoal; na verdade já até o tenho escrito, mas me veio isso de falar de tudo. 
No mais, mais do mesmo: futilidade, profundidade, conversação com as estrelas, conversação com Deus; caminhando pela rua e rindo sozinha, pensamentos feitos, ideias políticas (quem diria, eu), e tanta coisa nova e velha. É bom estar de volta.


sábado, 30 de março de 2013

"Olhos nos olhos, quero ver o que você faz..." -


 

Para ouvir: Olhos nos Olhos 

Quando fiz concurso para trabalhar na segurança pública, pensei que fosse lidar com bandidos, com o lado podre dos seres humanos, as pessoas mais perversas que se pudesse imaginar. Claro, esses caras eventualmente aparecem lá no trabalho, algemados, chorando, pedindo desculpa,  negando tudinho. Mas eu trabalho mesmo é com mulheres. Ou, mais vulgarmente, “mulheres que apanham do marido” (é assim que são conhecidas).


 Há dias (e esses são os mais comuns) em que me sinto fria como um iceberg e para um caso me chamar atenção, a vítima tem que ter ido com uma faca enfiada na cabeça, ou ter um nome muito estranho; no mais, elas têm o mesmo rosto, o mesmo nome (Maria Aparecida, Maria das Graças, Maria do Mundo) e o mesmo marido: ele só faz isso quando bebe. Eu não quero mudar o mundo, não quero me embrenhar na história da Dona Celina, que apanhou com o cabo de foice, ou o da Maria de Lourdes, que foi agredida com a panela de pressão. Quero ajudá-las, na medida em que posso prestando um bom serviço, quero ser a estranha com olhar confiável com quem desabafam, mas não vou tomá-las nos braços e chorar o mesmo choro, porque nos dias (e esses são os raros) em que acordo sensível, a agressão mais idiota do mundo me faz querer tomar todas as marias do mundo e cuidar com muito carinho de cara ferida.


                E então, nesses dias sensíveis, percebo que a dor não é do hematoma na face, nem da mordida na mão, ou das cicatrizes de queimaduras; a dor no olhar é por ter escolhido o companheiro errado, ou por, seu fiel marido e bom pai, ter se transformado num monstro. Uma vez uma mulher incrivelmente bem vestida, cheirando a Issey Miakey, me falou e me orientou (como elas sempre fazem ao perceber uma interlocutora tão jovem): “é triste perceber que a sua vida não é um conto de fadas e que o príncipe que você escolheu não é encantado. Eles, além de perderem o encanto, se transformam em vilões”. Aí eu penso que, fora as exceções, é claro, nenhuma mulher sai por aí à procura simplesmente de um cara pra viver; ela procura o carinhoso, o gentil, o perfeito. E imagina então se um dia, esse seu companheiro tão bem escolhido, comete a covardia de, mesmo que com palavras, te agredir? 

Eu agradeço por esses, os dias sensíveis, serem dias raros, pois se desvencilhar de todos esses dramas na hora de se deitar não é fácil.


Mas também há dias em que eu, apesar de querer chorar por dentro, caio na gargalhada com a então, vítima, que chega, se senta, abre um sorriso e por pouco penso que ela está no local errado, como foi o caso da Dona Lurdinha.  Uma senhora já com seus setenta anos, usando uma camisa verde limão, saia rosa-choque e cabelos simplesmente descritos como ‘para cima’, chega, se senta à minha frente e, quando eu pergunto seu nome, ela dá uma gargalhada antes de dizer. Eu, carrancuda, afinal mal despertei, questiono-a como olhar: ta fazendo hora com minha cara? Ela humilde, passando a mão por uma sacolinha de plástico já bastante revirada, se desculpa: “Oh minha filha, eu perdi minha identidade” e só não gargalha de novo por causa do meu olhar sério. Mas como então manter a muralha de gelo diante daquela avó engraçadinha que vem me relatar uma tragédia e não para de gargalhar?

A partir do meu primeiro sorriso, ela se sentiu à vontade para contar as mais diversas e violentas agressões em meio a risadas, finalizando a história duma maneira que eu, ainda que condoída com a situação, não pude deixar de acompanhá-la na gargalhada e por pouco não passamos as duas por loucas. Que quando Zé, seu companheiro, ‘fez que ia’ lhe arremessar uma panela, ela teve que correr, e então, ‘minha fia’, no desespero, “eu corri pra fora do barraco e esqueci que tava sem laje no quintal. Desci o barranco todo do morro rolando”.  Agora imagina a minha reação diante da Dona Lurdinha, pequena e pretinha, já morrendo de rir ela mesma da história? Encaminhei-a para fazer o exame de corpo de delito, desejei um bom dia e boa sorte e nunca mais me esqueci do quanto ela gargalhava ao relatar sua história abissal.

Mas ao final do dia encaro a pilha de representações sempre crescendo, e não há como me esquecer de que a Dona Lurdinha estava ali denunciando um agressor. Que, quanta coragem, levantar-se, tomar o ônibus até a delegacia e dizer “Eu quero denunciar aquele que deveria cuidar de mim e me cobrir de carinho. Ele me bateu”. Será tão fácil? 


Quando nós mulheres solteiras, independentes, tentamos mudar o estilo de vida “Vou trancar a faculdade”, “Vou terminar com meu namorado”, “Vou mudar de emprego”, não reunimos uma coragem extraordinária, até nos enxergando como sofridas e depois como heroínas?

Talvez seja difícil para algumas de nós, mulheres do século XXI, reconhecer que... Sempre há alguém mais corajoso. Talvez devêssemos engolir o preconceito contra as ‘mulheres que apanham do marido’ e aplaudir aquelas que tomaram o ônibus até a delegacia, dispostas a fechar o livro de contos de fadas e escrever a primeira página do inquérito policial contra o príncipe encantado.




OBS: Claro que todos os nomes mencionados são fictícios. E o texto é de algum tempo atrás, quando ainda trabalhava com elas.