"You were once
My one companion ...
You were all
That mattered ...
You were once
A friend and father -
Then my world
Was shattered"
Nos quintais mais coloridos,
cheios de flores amarelas, vermelhas e azuis; na cozinha onde tantas mulheres
conversam animadas enquanto cortam tomates; nas festivas reuniões do final do
ano; no seio daquela família enorme de tantos filhos, netos e bisnetos; no
casarão branco de janelas azuis... A hora de se despedir também chega.
Se são jovens e partem de maneira
trágica, tanta dor parece compreensível; mas quando quem se despede é uma pessoa
tão velhinha, apesar da saúde e lucidez incrível, que já teve tanta história
pra contar, a dor é só uma coadjuvante não é mesmo? Não. Dói e é demais. Se a
morte chega de maneira abrupta, ou se é esperada, ou se é tão serena como “um
passarinho”, dói ainda, e sabe, é demais.
Porque essa gigante família não
esperava perder a liderança tão cedo. Ainda que o tão cedo significasse noventa
e (quase) sete anos. Tão cedo porque pra se despedir, nunca há demora, estamos
sempre deixando o relógio correr bem devagarzinho...
“Ora, o último inimigo a ser
derrotado é a morte”. Derrotamos a morte quando acreditamos em um Deus que consola
que abraça e, principalmente, que ressuscita. Mas derrotar a saudade é difícil,
superar a distancia e engolir o nó; pensar “e agora?”. Nunca estamos
preparados, por mais que saibamos no fundo, por mais que todos digam “basta
estar vivo”, o arrepio que percorre o corpo, a frialdade que nos envolve, os
olhares assustados tão cúmplices, nunca estaremos preparados.
Sentimos dor nos pés, pois quase
não nos sentamos durante a noite; dor no pescoço, quando cochilávamos de mau
jeito na cadeira; dor nos olhos, nos músculos da face, de tanto chorar; dor
pelo corpo, quando nos apertávamos forte demais para aplacar a tristeza. Mas a
pior, é essa que fica quando já estamos em casa descansando, repensando
o ocorrido, meditando nos últimos minutos ao seu lado. Tudo em meu corpo dói,
não há um pedacinho que não lateje; mas agora, depois de dizer meu “até breve”
e deixá-lo, não há parte que doa mais que meu coração.
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