“Lolita, luz da minha vida, fogo
da minha carne.
Minha alma, meu pecado. Lo-li-ta:
a ponta da língua toca em três
pontos consecutivos
do palato para encostar, ao três,
nos dentes. Lo. Li. Ta.”
Vladimir Nabokov
Vamos jogar um jogo?
Você me procura e eu te ignoro.
Depois mudo de ideia e te puxo de volta.
Te beijo vorazmente e juro amor
eterno olhando no fundo dos seus olhos. Mas em um segundo me canso e te faço
sucumbir, de joelhos, humilhado e ferido, aos meus pés.
Espero o tempo passar, você se
recompor, lamber tuas feridas, só para voltar novamente e te enlouquecer.
Antes que eu perceba, já tenho um
objetivo, uma estratégia, uma artilharia e uma guerra a vencer: um de nós dois
vai ter que cair. Mal me dou conta e já estou te encarando por cima das
cartas, jogando os dados e umedecendo os lábios com a ponta da língua enquanto
te distraio do jogo. Volta e meia me vejo venerada e odiada por mulheres que
acreditam dominar minha arte.
Lolita se tornou meu livro de
cabeceira e me pego em meio a enlouquecidos 'Humbert Humberts',
jurando amor sincero, jurando meu fim... Mas eu jogo os cabelos para trás e rio
gostosamente na cara do perigo. Eles são inofensivos e esse jogo já está ganho.
É preciso traçar um novo
objetivo, ainda mais difícil que esse último, e recomeçar tudo de novo. A adrenalina
toma conta de todo meu corpo quando coloco meu time em campo, mas logo o sangue se esfria, porque esse foi mais fácil do que eu esperava. Não venha me julgar e
dizer que não presto, porque eu e você sabemos que somos igualmente viciados em
seduzir: somos ávidos pela conquista. E também não se faça de santo: ser
desejado e desejar, ardentemente, uma pessoa, é capaz de fazer qualquer bom moço sentir
calor.
Porém, Casanova, chegou a hora de
parar. A sedução é uma guerra, um jogo, uma arte, mas também uma doença.
Ninguém conta nos livros como é que me sinto vazia depois de conquistar um
objetivo e como a ânsia por um novo desafio cresce feito um monstro dentro de
mim. Como é superficial e frio viver de amor em amor esperando que eles me
respondam perguntas que sequer sei quais são.
Talvez os fantasmas do passado
ainda nos assombrem, Casanova. Talvez eles escarneçam e sussurrem em nossos
ouvidos que merecemos mesmo uma vida de amores levianos para pagar por tudo que
fizemos e que nunca vamos conseguir amar de verdade.
Mas meu meu amigo, se isso é um desafio... Eu já aceitei antes que a
aposta fosse feita.
Um comentário:
Adorei!!!
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