Não são tempos difíceis só para quem está engasgado com a atual
situação política de nosso país. Não são tempos difíceis só para quem é vítima
da crescente violência -muitas vezes gratuita- de nossa cidade. Não são tempos
difíceis apenas para quem está olhando a crise econômica bem de perto, nos
olhos. São tempos difíceis para todos nós, satisfeitos ou não, em qualquer
parte do mundo. John Done e seus sinos não poderiam ser mais oportunos:
precisamos parar de nos enxergar como pequenas ilhas cercadas por rotinas
aceleradas e pensar, de verdade, que a morte de uma criança síria me diminui,
te diminui, diminui a nós todos. Se em qualquer parte do mundo acontece o que a
ONU chama de “maior crise humana de nossa era”, quer saber? Acontece aqui. E
nada de “Já temos nossos problemas, não precisamos de mais isso e aquilo”
porque solidariedade e compaixão é colocar o seu problema debaixo do braço e
olhar para o lado. São tempos difíceis, mas não basta o nó na garganta e o
olhar pesaroso em uma criança que representa tantas outras vítimas. Hoje eu me
pergunto: to fazendo o que aqui, de bobeira nesse mundo, sendo levada pela maré
do descaso? Não sei, mas sei o que não estou fazendo: não estou defendendo uma
causa apenas por compartilhar fotos ou aproximando-me do desamparo dos
refugiados com meu enlutado “like”.
Tateando no escuro, vamos nos mexer, geração de boas, vamos tentar conhecer um
pouco disso que nos choca e deixa esse desalento aqui, e se não houver nada, nada mesmo, há algumas orações, porque são tempos
difíceis, eu já disse, para todos nós. Assim, se os sinos tem dobrado todos os dias por
milhares de inocentes em mortes tanto cruéis, tanto desamparadas de homens, mulheres, crianças, não se engane
e faça de conta que não viu, porque no fim, eles também dobram por nós.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário